Revista Siga
Conheça mais sobre o Mal de Alzheimer em entrevista especial com o Presidente do Lions Clube de VR

Chego cedo para a nossa conversa, é um querido e respeitado amigo de muitos anos, meu amigo Alberto pelo interfone da portaria, avisa e ele aparece, sempre sorrindo, do alto de seus bens vividos 93 anos. Me presenteia com seu livro “História de Maria e Jorge Pantaleão” e as cartilhas que ele produz e distribui, sobre o Alzheimer. É sempre uma alegria e uma aula ouvi-lo. Nascido em dezesseis de Agosto de 1929, no Espírito Santo, vida difícil, infância pobre, 09 irmãos, foi alfabetizado aos 12 anos. Chegou em Volta redonda no ano de 1959, veio trabalhar como dentista no Sindicato dos Metalúrgicos onde ficou até 1978. Eleito Vereador em 1966, presidiu a Câmara Municipal de Volta Redonda nos anos de 1977 e 1978, deixou a política em 1982.

Fundador de várias entidades na Cidade, ele se especializou no Mal de Alzheimer. Vocês devem estar se perguntando como ele é especialista se é dentista. Bom, foi por amor a sua Maria que ele conheceu em 1948, se casaram em 1953. Em 1999 ela começou a sentir o Alzheimer, foram 20 anos de amor e dedicação até que ela em 2020 foi morar com Deus. É ou não um especialista no assunto?
A Revista Siga te convida para essa aula com o Presidente do Lions Club de Volta Redonda e Presidente e Fundador da Associação de Parentes e Amigos de pessoas com Alzheimer, Dr. Jorge Pantaleão.
Abrimos nossa conversa falando da Associação, ele explica: “Vamos fazer 11 anos e a verdade é que ela não decolou. Para ter acesso aos recursos públicos eu preciso ter uma sede e mais de cem associados, não tenho recursos para alcançar isso. A saída foi dividi-la em três itens: Divulgação, e tenho muita, graças aos amigos da mídia, capacitação, dou cursos de cuidadores de idosos, cursos gratuitos graças ao apoio do GACEMMS (Instituição totalmente voltada a cultura, inclusive com dois teatros em Volta Redonda), e Acolhimento, o Prefeito Neto fez o Centro de Atendimento Para Pessoa Idosa Com Alzheimer e Familiares, Centro Dia Synval Santos, o que nos facilita. Paramos por um período, depois voltamos on-line por causa da pandemia, com os cursos que agora voltaram a ser presenciais.
Pantaleão nos passa um número surpreendente, que a média de Alzheimer, é de 5% a população maior de 60 anos, Volta Redonda tem aproximadamente 25 mil idosos acima de 60 anos, na média temos aqui mais de 1.500 pessoas com Alzheimer. Ele mal termina a frase, minha curiosidade se aguça, o Alzheimer sempre existiu, ou é uma doença descoberta mais recentemente? Pergunto pois na minha infância e adolescência, nunca havia ouvido falar nela nesta doença. “Meu querido amigo, sorri, meio que compreensivo com minha ignorância, e com muita calma explicou que o Alzheimer foi descoberto pelo Dr. Alois Alzheimer, um Psiquiatra Alemão em 1906, da década de 80 para trás eles consideravam isso caduquice, loucura, demência. Com o tempo apareceu uma luz de informação no Brasil e no restante do mundo e o Alzheimer começou a ser diagnosticado. Eu mesmo até a minha Maria adoecer em 1990, nada conhecia do assunto. O diagnóstico dela saiu em 2004, fiquei desnorteado, tive que procurar ajuda. Ela veio através de uma mensagem da Doutrina Espírita que mandava exercitar a paciência e a tolerância porque nem sempre as coisas saem ao nosso modo e bons pensamentos, trazem saúde. E aí em vez de ficar chorando pelos cantos, fui à luta, expus a doença da Maria, a mídia me apoiou, até na Tv Globo eu fui, no Programa Encontro em 2012, na época comandado pela Fátima Bernardes, que repercutiu até nos Estados Unidos, recebi telefonemas do Brasil inteiro. Como você viu, eu participei da divulgação do Alzheimer.
Existe uma causa que provoque o Alzheimer, eu pergunto, e já emendo, tem como prevenir? “Por mais que se estude, ninguém conseguiu até hoje encontrar uma causa, então trabalhamos com várias causas e teorias, como também não se descobriu até hoje um remédio que possa curar o Alzheimer, só temos medicamentos que atenuam os efeitos, mas cura, infelizmente não. Agora pela experiência que tive com a Maria posso falar de algumas causas, como, o tipo de vida que a pessoa leva, idade, emocional que baixa a imunidade, traz a ansiedade e leva ao Alzheimer. E uma outra teoria, que poucos falam é que às vezes a pessoa não aceita o que está a sua volta, e o cérebro como uma forma de defesa, se fecha.
A conversa segue muito agradável. notem que eu disse conversa, que é muito melhor que uma entrevista, pergunto ao Dr. Jorge Pantaleão se o Alzheimer, diagnosticado bem no início pode ainda ser curado, ele explica: “Curado, não, mas melhorar a qualidade de vida do paciente e prolongar a vida dele, tem. Eu inclusive por tudo que estudei, recomendo como prevenção aos idosos a partir dos 60 anos, que pratiquem um estilo de vida alegre, participar das coisas, se divertir, dançar, ouvir músicas, eles terão muito menos possibilidades de ter o Alzheimer, do que aqueles que se recolhem em casa e se isolam das coisas da vida, porque aí vem a depressão e com ela a destruição dos neurônios. Resumindo, mantenham o cérebro sempre em atividade e caminhar, pelo menos três vezes por semana.”
O que mais podemos falar para as pessoas que estão lendo, eu pergunto, Dr. Jorge Pantaleão dá uma resposta sensacional: “Eu costumo dizer que quando uma pessoa da família, atinge seus 60 deve ser tratada como MAJESTADE, lhe dando o máximo de atenção, levando para as festas, censurar o mínimo possível, essa pessoa terá menos possibilidades de ter uma demência ou um Alzheimer”.

Claro, não poderíamos fechar essa matéria sem falarmos do livro “HISTÓRIA DE MARIA E JORGE PANTALEÃO'' escrito pelo nosso entrevistado junto com o Geriatra, Dr. José Roberto Barroso Arantes, onde encontrá-lo? “Eu e o Dr. José Roberto tivemos a ideia de fazer esse livro, para nos ocuparmos dentro da pandemia, é um livro diferente dos demais, ele não segue uma literatura padrão, até porque eu nem sou escritor, é um livro fácil de se ler, Dr. José Roberto, fez a parte científica e eu a parte de cuidados porque os cuidados são mais importantes que a medicação. O livro pode ser encontrado na Banca de Jornais da rua 14, na Vila, na banca da Lucas Evangelista no Aterrado e na livraria do Shopping Pontual, ou comigo mesmo.”
Me despeço com tristeza, ficaria com ele o dia inteiro, é uma aula, um exemplo de educação, conhecimentos e simpatia. Um abraço sela nossa despedida, saio pela manhã da Vila Santa Cecília, bendizendo a Deus, por termos uma pessoa que tanto nos orienta e ensina, além de ser um amigo muito querido, vida longa ao Dr. Jorge Pantaleão.